4 de fev. de 2014

Tabaco mata um brasileiro a cada três minutos


Imagine seis milhões de caixões. A cena te incomoda? Este é o número de óbitos causado pelo tabaco todos os anos no mundo. Até você terminar de ler esta matéria provavelmente um brasileiro vai morrer por conta do hábito de fumar. No Brasil são registrados 23 óbitos por hora em consequência do tabagismo, isso significa que 200 mil brasileiros são enterrados por ano em função das 4.720 substâncias tóxicas que estão presentes na fumaça do tabaco. 

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o consumo de tabaco (cigarro, charuto, narguilé) está diretamente relacionado ao aparecimento de pelo menos 50 doenças diferentes, especialmente as cardiovasculares, respiratórias obstrutivas crônicas e diversos tipos de câncer. 

O câncer que mais mata no Brasil é o de pulmão, e o grande vilão deste cenário é justamente o tabaco. Comparados aos não fumantes, os consumidores de nicotina possuem dez vezes mais chances de adoecerem de câncer de pulmão, cinco vezes mais riscos de sofrerem de infarto, bronquite crônica ou enfisema pulmonar e ainda duplicam a possibilidade de terem um derrame cerebral. O tabagismo ainda pode causar impotência sexual no homem, complicações na gravidez, aneurismas arteriais, úlcera no aparelho digestivo e infecções respiratórias. 

O último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas - Consumo de Tabaco no Brasil (Lenad), divulgado no final do ano passado e realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), aponta que nos últimos seis anos a taxa de tabagismo no Brasil reduziu em 20%. Além da queda no número de fumantes, a média diária de consumo de cigarros por dia também caiu de 16,6 para 14,1 unidades, em relação a pesquisa anterior feita pela mesmo instituição. A pesquisa mostrou ainda que 90% dos fumantes deseja abandonar o vício. 

O Ministério da Saúde, o Inca e diversos setores da sociedade civil organizada estão se mobilizando para incentivar as pessoas a pararem de fumar. Para o presidente da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Luis Carlos da Silva, um momento crucial nesta guerra foi a proibição do fumo em ambientes fechados. "A queda no número de fumantes registrada nos últimos anos é resultado de leis que estão sendo aprovadas. Percebemos também que tratar o fumante como doente não é o principal controle, o ideal é que as pessoas tenham um olhar mais crítico com esta questão da saúde, façam suas reflexões e tirem suas conclusões", destaca. De acordo com ele, se todos os fumantes parassem de fumar agora, em alguns anos a incidência de casos de câncer e doenças respiratórias cairia 30% e os de enfisema pulmonar 90%. 

O médico acrescenta que algumas pesquisas apontam que o índice de fumantes é maior entre as pessoas com menor grau de escolaridade. "Hoje temos cerca de 25 milhões de fumantes no Brasil e aproximadamente 26 milhões de pessoas que já pararam de fumar, mas falta um olhar mais firme do governo em relação ao cigarro", defende Silva. O pneumologista acrescenta que um a cada dois fumantes vai morrer em consequência direta do cigarro. "O tabagismo encurta a vida das pessoas, os fumantes vivem entre 10 e 15 anos a menos do que a média", alerta. 

Fumante passivo
O cigarro não faz mal apenas para quem está fumando. Nos últimos anos, os cientistas têm verificado cada vez mais a influência do fumo passivo na saúde das pessoas. "A pessoa que fuma prejudica quem está perto tanto pelo exemplo quanto diretamente pela saúde", salienta o médico. 

Em uma sala de 20 m² em que um indivíduo fuma três cigarros, a pessoa que está ao lado acaba fumando o equivalente a um cigarro, mesmo que ela não tenha nem tocado no cigarro. O raciocínio é do médico pneumologista Guilherme Fazolo. De acordo com ele, é considerado fumante passivo qualquer pessoa que tenha contato prolongado com um fumante. "Geralmente são os familiares, como pais, filhos ou companheiros que permanecem no mesmo ambiente enquanto a pessoa está fumando", explica. 

Fazolo acrescenta que o fumante passivo corre o risco de apresentar as mesmas doenças características dos viciados em tabaco, como câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica.
Folha de Londrina 

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