6 de nov. de 2013

PR é um dos estados onde ocorrem o maior número de mortes em confrontos policiais

Anuário de Segurança Pública mostra que País tem um dos maiores índices de mortes em confrontos com policiais
Londrina - Cinco pessoas morrem por dia, em média, no Brasil em decorrência de confrontos com as Polícias Civil e Militar, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado integralmente ontem. Este número representa 4,6 vezes mais mortes do que o padrão de atuação das polícias dos Estados Unidos. De acordo com o documento, no total, 1.890 pessoas morreram no País em 2012. 

O Estado de São Paulo lidera o ranking com 563 mortes, seguido do Rio de Janeiro com 415 mortes e Bahia com 344 mortes. O Paraná ocupa a quarta posição com um total de 167 mortes. Porém, com relação à taxa a cada 100 mil habitantes, o Paraná sobe para a terceira posição, com 1,6, ficando atrás somente do Rio de Janeiro, com 2,5, e Bahia, com 2,0. A média nacional é de 0,97 mortes a cada 100 mil habitantes. 

O anuário mostra ainda que, deste número, 89 policiais morreram no País. Do total de mortes, o Paraná é líder absoluto, com 23 mortes – 21 militares e 2 civis -, resultando numa taxa de 1,3. O Rio de Janeiro aparece em segundo lugar, com 17 mortes no total, e uma taxa de 0,3. 

Para o sociólogo Pedro Bodê, do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o estudo mostra que "uma polícia que mata muito também morre muito". "As taxas de mortes, incluindo os homicídios, são inaceitáveis. Os altos números só reforçam que o modelo de justiça e polícia estão falidos", resumiu o professor. 

Quando comparado a outros países, como EUA e Reino Unido, em que 410 e 15 pessoas morreram vítimas de confronto, respectivamente, sendo 95 e 10 policiais (ver infográfico), de acordo com Bodê, é perceptível a decadência desse sistema no Brasil. "O reflexo é a desconfiança da população na polícia relatada na mesma pesquisa", analisou. 

Segundo o Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil), realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para integrar o anuário, 70,1% da população brasileira não confiam no trabalho das diversas polícias no País, 8,6 pontos porcentuais acima do registrado no primeiro semestre de 2012. Nos países desenvolvidos, a avaliação é diferente: nos Estados Unidos, 88% dos cidadãos confiam na polícia e na Inglaterra, a provação é de 82%. 

Para o sociólogo, a postura da polícia está baseada na conivência em solucionar "o problema" pela morte, amenizando o ato quando o indivíduo possui uma passagem policial. "Isso também é percebido em uma parte da população contaminada, que concorda com essa medida. Mas isso não deve ser justificativa, pois só aumenta a violência geral. Temos exemplos de vários países em que o índice de tráfico de drogas ou envolvimento com a criminalidade é grande e nem por isso a taxa de mortes é alta." Portanto, para Bodê, diante do aumento de mortes cometidas por policiais, ao mesmo tempo em que houve aumento de investimentos na segurança, faz-se urgente a reestruturação do modelo de justiça e policial no Brasil como medidas de médio e longo prazo. 

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado explicou que mortes decorrentes de confrontos devem ser avaliadas pela Corregedoria de cada polícia, Civil e Militar. A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar do Paraná, mas a assessoria de imprensa informou, no início da noite, que o comando não teve tempo hábil para analisar o anuário.

fonte - folha de londrina

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