16 de mai. de 2013

O que seu filho faz na internet?


Pais devem estar presentes na vida digital de crianças e adolescentes; especialista alerta que o importante não é proibir, mas se incluir, educando, assistindo e participando
"Com a internet em casa, uma criança de 8 anos tem que ter discernimento do que pode ou não acessar", alerta Patricia Pinheiro
Bate-papo, vídeos, downloads, jogos, pornografia. Você sabe por quais sites seu filho navega e o que ele faz durante as horas que passa diariamente em frente ao computador? Não? Pois deveria.

As vidas dos jovens estão expostas no mundo, basta um clique para saber com quem andou, qual roupa comprou, o filme que assistiu, a música que ouve, onde estão. Tudo é colocado nos microblogs e os posts estão cada vez mais instantâneos com o advento dos smartphones. Informações reveladoras que levantam a questão da privacidade e segurança desses adolescentes.

Esses conceitos foram debatidos com cerca de 450 pais de estudantes das escolas Wizard e Premier – Educação Infantil e Ensino Fundamental recentemente, em Londrina. Durante algumas horas eles puderam ouvir ensinamentos e compartilhar casos com uma especialista no assunto.

"Para essa geração mais jovem (a internet) é onde a vida acontece. Vai ser ali o principal canal de interação, relação de emoção, de aprendizado, de busca de informação. Esse estado digital faz parte da necessidade do filho. Por causa disso o pai e a mãe têm que estar presentes na vida digital do filho. O importante não é proibir, mas se incluir, educando, assistindo e participando", explica a advogada e especialista em Direito Digital Patricia Peck Pinheiro. Ela é autora de nove livros sobre o tema e vencedora do prêmio Security Leaders 2012, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio).

Patricia esclareceu pontos sobre o uso de software de controle parental e deu outras orientações. "Antigamente, a criança tinha que amadurecer por volta dos 16 anos. Hoje, com a internet em casa, uma criança de 8 anos tem que ter discernimento do que pode ou não acessar. E o conteúdo dela é a privacidade. Por isso os pais têm que estar presentes, não podem ser negligentes", alertou.

Conteúdo impróprio
Hoje no Brasil o crime mais comum envolvendo estudantes na internet é a exposição de conteúdo impróprio, seguido pelo assédio, exposição de fotografia não autorizada e ofensa digital (incluindo o bullying).

Patricia Pinheiro é fundadora da ONG Família Mais Segura na Internet, que fornece orientações, apostilas e cursos.

Ano passado, a entidade realizou uma pesquisa envolvendo mil escolas brasileiras. O estudo demonstrou que a internet está presente em 80% das privadas e 68% das públicas. Em muitas, não há limite de conteúdo acessado aos estudantes. Mas as instituições têm que ficar em alerta, uma vez que a Justiça entende que as escolas são corresponsáveis por todo material publicado pelo alunos.

"Entendo que as escolas têm que adotar esse assunto no conteúdo programático e estabelecer regras, como lidar com esse mundo digital, tratar a dinâmica sobre o termo de uso de uma rede social, fazer pesquisa e saber citar fonte e autoria. A escola tem que ter no contrato de matrícula as regras sobre o uso da ferramenta da internet e celular", explica.

A Escola Premier adotou o conteúdo da internet como disciplina no ano passado. Os 230 alunos têm disponível materiais e realizam atividades virtuais. "Nosso portal educacional oferece acesso de conteúdo até para os pais. Investimento em infraestrutura, capacitação dos professores e alunos. Desde o ano passado temos um funcionário que fica a disposição de todos para trabalhar essas questões.

Isso surgiu da necessidade de trabalhar esses conceitos de segurança também com as famílias. Às vezes os pais pensam que o filho está em casa, que não está na rua, mas a internet é um mundo a parte", salienta a diretora Maria Augusta Rossini.

"Temos que nos precaver dessas questões e incluir as famílias nessa discussão. Essa cultura de segurança familiar tem que ser inserida tanto no ambiente de trabalho com os nossos colaboradores como dos nossos alunos", disse a coordenadora pedagógica do Wizard, Renata Barbosa Berto. 
Folha WEB

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