29 de dez. de 2012

Banda larga não significa qualidade na educação


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Imagem Ilustrativa
O governo do Paraná tem como meta deixar todos os 2.134 colégios da rede estadual conectados à internet banda larga até 2014. Segundo dados do Censo Escolar 2011, 97% das escolas do estado têm acesso à internet e 1.566 (73%) têm a tecnologia da banda larga disponível. No entanto, o avanço prometido só será relevante se houver investimento em equipamentos e treinamento de professores.

A rede estadual possui 45.678 computadores para atender 1,2 milhão de alunos – uma média de 27 estudantes na disputa para usar cada máquina. Em todo o Brasil, os colégios estaduais possuem uma média de 43 alunos por computador.

Os equipamentos são mal distribuídos. Há colégios que possuem 16 computadores para atender quase mil estudantes, como o Colégio Estadual Tancredo Neves, em Imbaú, na região central, com quase 60 alunos por computador. Outro exemplo é o Colégio Estadual José Pioli, em Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba, que possui 20 computadores para aproximadamente mil alunos, segundo o Censo Escolar.

“É necessário que o poder público dê condições estruturais para os alunos usarem o computador nas atividades. Não é o ideal que se tenha três ou quatro alunos dividindo a mesma máquina”, aponta o doutor em Educação e professor da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse. Ele afirma que um laboratório com poucos computadores é incapaz de atender uma turma com 30 estudantes.

Outro ponto levantando por Alavarse é que, em muitas escolas do país, os laboratórios de informática ficam ociosos por diversas razões. Uma delas corresponde à manutenção dos equipamentos. “Informática exige manutenção física e operacional. Muitos equipamentos que apresentam problemas ficam sem reparos”, salienta Alavarse.

Professora e doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Gabriela Schneider reconhece que o uso da internet e de computadores pode auxiliar no aprendizado dos alunos. Todavia, ela relata que em diversas escolas os equipamentos sequer saíram das caixas. “É preciso uma estrutura que possa fazer a manutenção dos computadores. Não se pode deixar que o professor tenha a tarefa de cuidar também do laboratório de informática”, ressalta.

Gabriela ainda chama a atenção para o fato de que investimento – seja em instalação de banda larga ou compra de computadores – não é sinônimo de melhora no ensino. “Se tem condições de investir em banda larga, o governo deve ter condições de ofertar infraestrutura mínima nas escolas, como telhados, banheiros e paredes em boas condições”, afirma.

Banda larga

Na rede municipal de ensino de todo o Paraná, 53% das escolas (2.624) possuem banda larga. São 38.455 computadores para 752.008 estudantes – média de 20 alunos por computador. Na rede privada do estado, onde há aproximadamente 12 alunos por computador, 92% das 2.055 escolas possuem banda larga.

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