
Consumidores mais atentos puderam perceber que o valor do feijão obteve um ligeiro recuo nas gôndolas dos supermercados paranaenses em julho. Segundo dados fornecidos pelo Departamento de Economomia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a depreciação no período foi de 4,5% em comparação com o mês anterior. O preço do feijão carioca, o mais tradicional na mesa do brasileiro, fechou o mês a R$ 4,48, em média, o quilo. Carlos Alberto Salvador, engenheiro agrônomo da entidade, explica que o motivo dessa redução, depois de sucessivas altas nos primeiros seis meses do ano, se deu pela redução de 11,29% nos preços oferecidos aos produtores, que em julho receberam R$ 108 pela saca de 60 quilos.
''As chuvas que afetaram a colheita atingiram a qualidade dos produtos, diminuindo o valor pago pelo produto'', avalia Salvador. Entretanto, a oferta de feijão se manteve estável e a baixa nos valores refletiram no mercado varejista que baixou os preços ao consumidor final.
Porém, essa boa notícia não deverá se sustentar por muito tempo. De acordo com Marcelo Luders, analista de mercado da corretora de mercadorias Correpar, a tendência é de preços bem elevados para o feijão neste segundo semestre. Segundo ele, nesta época do ano há pouca produção nas lavouras. Além disso, a estiagem que vem comprometendo as lavouras do grão na Argentina e a redução da área plantada na China deverão forçar ainda mais os preços do produto para cima. ''Mas o problema principal é que muitos produtores reduziram significativamente a sua área plantada, motivados pela alta nos preços da soja e do milho'', sublinha.
Sem querer assustar o consumidor, Luders afirma que o preço do feijão pode chegar a picos de até R$ 7 o quilo. ''No caso do feijão preto, a situação é ainda mais complicada porque o desestímulo à produção é ainda maior'', salienta. O feijão preto finalizou julho a R$ 3,28 o quilo, 3,1% a mais do que se comparado ao mês anterior. Entre janeiro e julho, o valor do grão na média do Paraná subiu em torno de 3,2%. Já o valor do feijão carioca passou de R$ 3,51 em janeiro para R$ 4,48 o quilo em julho. ''A elevação dos preços do feijão preto se deve às oscilações naturais entre a oferta e demanda de mercado'', completa.
Safras
Com 100% da área já colhida, a segunda safra de feijão (2011/12), que vai de dezembro a julho, tem uma produção estimada em mais de 293 mil toneladas, 6% a mais quando comparado ao mesmo período do ano passado. Em área, a elevação foi de 31% em relação à segunda safra de 2011, um total de 224 mil hectares. ''Faltou chuva no plantio e houve excesso na colheita, culminando nesse resultado'', diz Salvador, do Deral.
Na última primeira safra, que acontece de dezembro a janeiro, a produção de feijão caiu 36% em comparação com a primeira safra 2010/11, totalizando em torno de 341,6 mil toneladas. Salvador explica que essa redução aconteceu porque muitos produtores, vislumbrados pelos valores pagos pela soja e milho, substituíram boa parte de suas áreas de feijão por essas commodities. ''A consequência dessa redução da oferta foi a elevação dos preços do feijão'', observa Salvador. Ele acrescenta que os pequenos produtores são mais fieis à atividade. Já os médios vão de acordo com as vantagens que cada produto pode oferecer naquele determinado momento.
Para o terceiro ciclo, que iniciou em abril e vai até outubro, houve um incremento de 6% na área plantada em comparação com o mesmo ciclo do ano passado. Ao todo o Paraná destinou mais de 6,3 mil hectares para a cultura, esperando colher em torno de 6,5 mil toneladas, 55% a mais do que no mesmo ciclo anterior. ''O mercado de feijão caminha bem e segue estável'', comenta Salvador.
INFORME POLICIAL
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