Se o Paraná fosse um país, seria o campeão mundial em mortes de crianças e adolescentes no trânsito. A taxa estadual de óbitos de pessoas com até 19 anos é maior do que a brasileira e superior aos índices de países que têm o tráfego considerado violento, como Venezuela, Equador e Estados Unidos. A posição paranaense é puxada pelos registros trágicos que colocam sete cidades do estado entre as 20 com maior proporção de crianças e jovens que perderam a vida no trânsito. Francisco Beltrão, Cianorte, Paranavaí, Toledo, Campo Mourão, Arapongas e Umuarama têm características comuns: municípios de porte médio, com população entre 70 mil e 120 mil habitantes, são polos que concentram as opções de lazer e também os hospitais que atendem os acidentados. Os dados são do Mapa da Violência 2012, que traz informações de 2010, as mais recentes disponíveis. Responsável pelo estudo, Julio Jacobo destaca que o aumento da frota de motocicletas teve um impacto enorme na quantidade de mortes de crianças e adolescentes no trânsito. Na faixa entre 15 e 19 anos, por exemplo, as motos estão presentes na maior parte dos acidentes fatais. Jacobo reforça que, há três décadas, a probabilidade maior era de que uma mãe chorasse a morte do filho em consequência de problemas ligados à saúde. Agora, as causas externas, com assassinatos e acidentes, ameaçam mais os jovens. O mapa é resultado da análise de registros médicos e certidões de óbito. Por causa disso, localidades que concentram hospitais de referência no atendimento de acidentados têm os indicadores municipais inflados. Foi o que aconteceu com Francisco Beltrão, no Sudoeste, que tem um hospital regional. A cidade ficou em segundo lugar no Brasil com mais mortes de crianças e adolescentes em relação à população. Dos 12 casos em 2010, três aconteceram efetivamente na cidade – dois no perímetro urbano e um na rodovia que corta o município. Para o secretário municipal de Governo, Arilson Sabadin, o índice alto pode ser reflexo das más condições das rodovias na região. O capitão Rogério Pitz, da Polícia Militar, por sua vez, diz que a quantidade de mortes pode ser um indicador de problema regional. Ele relata que até 2008 havia uma grande quantidade de acidentes com jovens que pegavam o carro dos pais, mas que, de lá para cá, a partir de uma campanha de conscientização, nenhuma morte nessas condições aconteceu na cidade. A terceira no ranking nacional foi Cianorte. Segundo o comandante local da Polícia Militar, capitão Gilberto Baronseli, a maior parte dos acidentes envolvendo mortes no município ocorreu na PR-323, uma das principais ligações entre o Mato Grosso do Sul e o Norte do Paraná. “Essa estrada é uma das mais violentas do estado e isso acaba aumentando a estatística [de mortos] de Cianorte. Na área urbana não temos muitos casos, embora aconteçam alguns acidentes envolvendo a morte de adolescentes”, explica. Para o policial, a alta taxa de mortos também pode ser explicada pelo fato de o município ser um pólo regional, atraindo muitos visitantes, inclusive para festas e shows. “Cianorte costuma sediar eventos de grande porte, o que naturalmente atrai muita gente da região, podendo ocasionar mais óbitos”, salienta. |
28 de jul. de 2012
Paraná lidera mortes de jovens no trânsito
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