9 de mar. de 2016

Violência contra a mulher cresce 30% na região de Cornélio Procópio


Cornélio Procópio – Na semana dedicada à mulher, quando tenta-se levantar as conquistas do sexo feminino em todos os níveis da sociedade, infelizmente ainda depara-se com indicadores deprimentes, como os que indicam que casos de violência contra mulher são, atualmente, um dos crimes mais atendidos por policiais em todo o país. "Quase um por dia", informa o delegado responsável pela 11ª Subdivisão de Polícia Civil de Cornélio Procópio, João Manoel Garcia Alonso Filho.
Nos municípios de abrangência do 18º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que inclui Cornélio Procópio e outras 19 cidades, houve um crescimento de aproximadamente 30% no número de boletins de ocorrência por violência doméstica contra mulheres, passando de 494 registros em 2014, para 636 em 2015.
Um dos mais recentes, e que ainda choca Cornélio Procópio, é o de uma diarista que se recupera de graves lesões resultantes do espancamento sofrido por parte de seu companheiro no dia 16 de janeiro. Ela foi socorrida pela filha que foi visitá-la e a encontrou caída desacordada no porão da casa. O companheiro estava em casa, foi ele inclusive que abriu o portão da casa para a visita e mostrou onde a esposa estava após ser questionado. Conforme a Polícia Civil, a diarista ficou por quase 12 horas desacordada no porão, sem socorro. Segundo o laudo médico, ela foi espancada com chutes e socos na cabeça, que lhe causaram traumatismo craniano.
Após permanecer por 30 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da cidade em coma induzido, ela está sob os cuidados da família, mas sem os movimentos das pernas e do tronco, com sequelas na fala e na visão. Enfim, com sua vida restrita à cama e à cadeira de rodas. "Estamos gastando tudo que temos com fisioterapia. Ela já apresentou algumas evoluções, rezamos para que se restabeleça, mas não sabemos como será sua recuperação", lamenta.
O suposto agressor está preso preventivamente em Cornélio Procópio. Apesar de negar ser o autor dos fatos, ele está sendo acusado pela Polícia Civil e Ministério Público de tentativa de homicídio por meios cruéis e motivação fútil.

TIPOS DE VIOLÊNCIA
O delgado João Manoel destaca que violência doméstica não se restringe apenas a agressões físicas. "Ameaças, xingamentos, perturbações em ambiente de trabalho, danos materiais por conta do relacionamento afetivo, também se caracterizam como violência e podem ser denunciados", explica.
As ameaças e lesões corporais são os casos mais atendidos. Levantamento do 18º BPM mostra que entre 2014 e 2015 houve, na região, um crescimento de 10% nos registros de ameaça a mulheres, e 37,5% de lesão corporal.
Para o delegado, apesar do crescimento, os números não significam um quadro negativo. "Acredito que as denúncias aumentaram mais que a violência em si. As mulheres estão mais corajosas para falarem sobre os abusos que sofrem. Antes havia vergonha da situação, medo da exposição social ou de retaliações ainda mais violentas. Hoje, com o avanço da legislação, com a Lei Maria da Penha, elas estão mais seguras de seus direitos", opina.
Para a delegada de Santa Mariana, Eliana Salgado Peters, o quadro ainda é bastante preocupante. "Esta é apenas a ‘ponta do iceberg’. Não adianta fazermos a repressão penal, quando a questão central está nos valores, na estrutura familiar e nos problemas sociais em que a vítima está inserida. É uma questão que tem de ser atacado por todos os lados".

DOAÇÕES
Hoje, uma ação mobiliza a comunidade procopense para a doação de fraldas geriátricas que serão repassadas à família da diarista citada na matéria. Elas serão arrecadadas durante a mostra do filme "As Sufragistas", promovida pelo Coletivo de Mulheres de Cornélio Procópio Flores de Dandara, na UTFPR, a partir das 19h. O filme lembra a luta das mulheres pelo voto. A entrada é gratuita, mas quem quiser colaborar deve levar fraldas tamanho G.

Folha de Londrina 

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