19 de ago. de 2015

Liberatti fecha 69 lojas e demite mais de 400 funcionários em três estados

Informações CGN
Loja de Santo Antônio da Platina fecha as portas dia 28.
A rede de lojas de móveis e eletrodomésticos que leva a marca Liberatti, controlada pela empresa Simopar Móveis Ltda, que tem como acionistas controladores o atual prefeito de Ibaiti, Roberto Regazzo, o Betão, e seu filho, Pedro Henrique Regazzo, é a mais recente companhia do setor que se dobra à crise que assola o país.

Em entrevista exclusiva que concedeu em seu gabinete, na prefeitura, Betão, como é mais conhecido, anunciou o fechamento de 69 de suas 92 lojas espalhadas pelos estados do Paraná, São Paulo e Rondônia, com a consequente demissão de mais de 400 funcionários.

Diante do agravamento da situação financeira, a direção da empresa, segundo seu diretor, ingressou na comarca de Ibaiti com um pedido de recuperação judicial, medida semelhante à antiga concordata, que estabelece um período de, no mínimo, dois anos para que companhias em crise possam se estruturar para iniciar o pagamento de seus credores.

A gestão do grupo, que soma ainda uma fábrica de colchões e estofados em Ibaiti, está a cargo do jovem Pedro Henrique Regazzo, 25 anos, desde que o pai assumiu a prefeitura de Ibaiti, onde fica a sede do grupo. Mas quem falou pela empresa foi Betão, que desde criança trabalhava na antiga Casa Santa Terezinha, fundada pelo falecido pai, Liberato Regazzo, um descendente de italianos, que com a ajuda dos quatro filhos, montou um império considerável com lojas espalhadas por várias regiões do Paraná e outros estados, fábricas e fazendas de gado.

Maldição
A “maldição” que recaiu sobre Roberto Regazzo, segundo conta, começou quando se lançou na política. Ele se diz vítima de cinco incêndios criminosos, que consumiu uma fortuna calculada em R$ 18 milhões de suas empresas. Primeiro atearam fogo na fábrica de colchões e estofados de Ibaiti. Segundo ele, “a perícia constatou incêndio proposital com uso de garrafas pet cheias de combustível, espalhando destruição numa área extremamente inflamável”.
O mesmo “modus operandi” foi usado na loja de Telêmaco Borba, a única com seguro, no depósito de móveis e estofados de Jaciara (MT), com perda de R$ 4 milhões; em Rondônia, com a destruição de uma fábrica de colchões e estofados, com prejuizo avaliado em R$ 10 milhões. “Chegamos a oferecer R$ 100 mil a quem apontasse o autor ou autores desses crimes, mas até hoje esses incêndios continuam um mistério”, conta desolado.

Crise
Mas não foram os incêndios que vergaram os Regazzo. Aliado a esse quadro catastrófico, vem o desemprego, com reflexos negativos em que continua trabalhando. “O clima é de depressão. O trabalhador foge das compras a prazo, temendo ser o próximo demitido”, observa lacônico.

Betão conta que nos últimos meses os números diários em sua empresa eram cada vez mais assustadores. Enquanto a inadimplência da clientela saltava para R$ 28 milhões, o faturamento das lojas despencava. De um faturamento diário que variada de R$ 400 mil a R$ 450 mil, passaram a entrar nos caixas das lojas, minguados R$ 80 mil.

Antes disso, a contabilidade inexorável mostrava um déficit mensal de R$ milhão, conta Roberto Regazzo. O caminho foi o fechamento de todas as lojas de Rondônia e São Paulo e algumas no Paraná. A última loja a cerrar suas portas será a unidade de Santo Antônio da Platina, que vai funcionar até o próximo dia 28. “Esta loja sempre foi deficitária, nunca deu lucro”, justifica. O total de demissões passa de 400 trabalhadores, mas deve crescer um pouco mais.
Sobre o passivo trabalhista, Beto Regazzo disse que a empresa fez proposta de pagamento das indenizações em quatro parcelas. O sindicato dos trabalhadores rejeitou a proposta e, agora, terá que esperar a decisão da justiça, que analisa o pedido de recuperação judicial.

Crise se espalha
Regazzo conta que a situação da Rede Liberatti não é caso isolado. Segundo ele, a crise toma conta do setor. Redes gigantes como Daron e Simball, estão sob recuperação judicial. “Meu filho conta que já recebeu consultas de pelo menos 15 varejistas e pequenas redes de lojas pedindo informações sobre recuperação judicial. A situação é grava”, finaliza.

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