Todas as
religiões têm datas próprias para iniciar e terminar o ano. Estas datas não
coincidem com as do ano civil.
Nós cristãos
católicos terminamos o nosso ano religioso, também dito, ano litúrgico, no
último sábado do tempo comum e o iniciamos no dia seguinte com o primeiro
domingo do Advento.
Estamos,
portanto no final de mais um ano. Pode-se até dizer que o próximo domingo será
o último, pois no domingo seguinte vamos celebrar a festa de Nosso Senhor Jesus
Cristo, Rei do universo e o domingo imediatamente depois já será o primeiro do
domingo Advento. Nesta oportunidade, a Igreja, em sua liturgia, chama a nossa
atenção para o fim dos tempos e nos convida à vigilância.
As leituras que
serão proclamadas nas celebrações da Eucaristia e da Palavra estão neste
contexto. Na segunda leitura São Paulo é muito claro e incisivo: “Quanto ao
tempo e à hora, meus irmãos, não há porque vos escrever. Vós mesmos sabeis
perfeitamente que o Dia do Senhor virá como um ladrão de noite. Quando as
pessoas disserem: “Paz e segurança!”, então de repente sobrevirá a destruição,
como as dores de parto sobre a mulher grávida. (...). Portanto,não durmamos,
como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios”.
A certeza da
vinda do Senhor não é convite à paralisação ou à preguiça, pelo contrário, é
proposta de esperança ativa que nos leva a agir, e nos preparar para qualquer
momento em que o Senhor chegar.
Entre os
cristãos tessalonicenses, no entanto, havia um grupo que pensava diferente. Na
perspectiva da vinda iminente do Senhor, eles achavam que não valia a pena se
fatigar com atividades terrenas. Bastava rezar. Sua fé não ligava com a vida.
Era desencarnada. Por isso, o Apóstolo Paulo, na sua segunda carta a esta
comunidade é mais incisivo ainda. Escreve ele: “Com efeito, quando estávamos
entre vós, demos esta regra: “Quem não quer trabalhar também não coma”. Ora temos
ouvido falar que, entre vós, há alguns vivendo desordenadamente, sem fazer
nada, mas intrometendo-se em tudo. A essas pessoas ordenamos e exortamos no
Senhor Jesus Cristo que trabalhem tranqüilamente e, assim comam o seu próprio
pão” (2Ts 3,10).
No Evangelho,
através da parábola dos talentos somos convidados a nos arriscar. A pessoa de
fé não pode se acomodar como fez o servo que, em vez de fazer render o talento
que recebera, foi enterrá-lo com medo, ou talvez preguiça, de se comprometer e
assumir responsabilidade com as causas do evangelho e com a luta contra todo
tipo de morte que ameaça a vida das pessoas e do nosso planeta terra. Neste
sentido o Papa Francisco em alto e bom som não se cansa de repetir que prefere
“uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma
Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias
seguranças. (...). Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a
nossa consciência, continua o Papa, é que haja tantos irmãos nossos que vivem
sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma
comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida” (EG 49).
Portanto,
não vamos ter medo, muito menos preguiça. Lancemo-nos à ação. Façamos render
nossos talentos na gratuidade e na coragem. Só assim haveremos participar da
alegria de nosso Senhor.
Por dom Manoel
João Francisco
Bispo da
Diocese de Cornélio Procópio-PR
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