Todas
as segundas-feiras tenho um compromisso em Londrina e nosso automóvel estava no
conserto. Então não tive alternativa a não ser tomar o ônibus. Logo na entrada,
observando a passagem, percebi que algo estava errado. Minha poltrona era a de
número nove e estava ocupava por um garoto.
Ele
comentou que já sabia disso pelo meu olhar. Retruquei: mas como se eu nem tinha
lido o número ainda? Começamos a conversar e não paramos mais. O Ivan, esse é
seu nome, vim saber quase no fim da parada dele em Cornélio Procópio, faz
Economia na UENP, veio para cá só para estudar um pouco, conhecer a região, e
ir embora em seguida, mas mudou seus planos, pretende se formar aqui mesmo, na
mesma universidade que eu. Ficou exultante em saber que estudei lá também. Eu
sou muito suspeita para falar, mas o Ivan disse que “adorou conhecer a cidade,
a gente, é gente simples, simpática, acolhedora. Lá em Jaú as pessoas são mais
frias, mais metidas à besta.
Começamos
a conversar em Bandeirantes, passamos por Santa Mariana até Cornélio Procópio.
Falamos de tudo, ditadura militar, principalmente, só me estressei quando me
perguntou se vi os militares revistando as casas das pessoas sem motivo algum. ““
Como se eu estava nascendo?”É que o meu pai viu, ele é de 55. Eles invadiam as
cãs das pessoas procurando sabe-se lá o quê. Até cartas de namorada eles
levavam.
Ele
não pretende voltar para Jaú, sua cidade natal. Lá a Faculdade é paga, as
pessoas são mais frias, algumas se acham por ser descendentes de famílias
ricas, “têm sobrenome” e se acham melhor do que os outros
_
Que coisa não?E aqui está tão atrasado?
_Não,
tá não! Eu acho bem desenvolvido. Eu adoro isso aqui. Não saio mais daqui não.
Amélia
Rosana da Costa
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