Contrário
Amélia
Rosana da Costa
_Aquela
noite mesmo, eu cheguei em casa,
cansado, moído, querendo um banho pra descansar o esqueleto e uma comida, ô
rapaz, tava varado de fome. E o que foi que eu encontrei?
_
...
_Um bilhete jogado em cima do fogão escrito
assim: “ Amor, fui dar um rolezinho com o meu ex, você não conhece ele, é de São Paulo, acho que ainda não falei
dele, é o Raulzinho. Na volta eu te conto tudo. Beijo. Te amo.”
_
Aí, foi mal.
_
Foi mal? Aí eu fiquei louco. Saí e fui direto na casa da mãe dela tirar sastifação. A mãe dela nem sabia da história, coitada. A Manu é
destrambelhada assim, mas a família é gente boa. Só ela é que não presta, não
vale nada. É uma mulher sem razão. Aquela desavergonhada. O Raulzinho depois
que você acostuma com aquele cabelão espetado, aquelas orelha tudo furada, até
que é gente boa. Mas dessa vez eu não
perdôo.
_
O que ela fez dessa vez?
_
Ói que nóis tava lá na lanchonete com meus irmão e minhas cunhada tomando
guaraná e a marvada se alevantou e falou que não era muié de ficar tomando
guaraná igual gente doente e foi parar numa mesa cheia de uns rapazinho e
começou a bebe junto mais deles e eu com cara de bobo . Foi aí então que eu já
não me agüentando mais, levantei e arrastei ela pelo braço pra levar embora.
_
Rapaiz! Mais apanhei tanto daqueles menino que mal saíram dos cueiro e tudo por
causa daquela diaba. Arf, que não quero nunca mais vê aquela mulher do capeta
na minha frente.
_
Não.
_
Claro que não!
_
Vai divorciar dela então?
_
Pois não é por isso que vim, dotô?
_
Pois bem. Eu estou muito interessado nela.
_ O quê. Qué morrê, seu cabra da peste. Eu amo
aquela diaba e nunca que vô largá dela. Anda! Alevanta que eu num bato em homi
sentado.
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