6 de jun. de 2014

Salário Mínimo necessário para uma família brasileira fecha maio em 3 Mil

Valor calculado pelo Dieese atinge maior nível motivado pela inflação dos alimentos e representa 4,25 vezes o montante do piso oficial

O salário mínimo necessário para suprir os gastos de uma família brasileira fechou em maio no pico histórico de R$ 3.079,31, segundo divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O valor reflete os custos com as necessidades básicas consideradas na Constituição Federal, como alimentação, saúde e educação, e representa 4,25 vezes o piso oficial, que está em R$ 724.

A projeção tem aumentado seguidamente desde janeiro, quando estava em R$ 2.748,22. Em abril, o mínimo necessário era de R$ 3.019,07, ou 4,17 vezes o oficial. A inflação, principalmente sobre os alimentos, é apontada como principal causa devido aos efeitos dos problemas climáticos sobre a produção.

Economista do Dieese no Paraná, Fabiano Camargo da Silva afirma que a percepção nas ruas em relação à inflação é ainda maior, já que o percentual oficial considera produtos e serviços que são menos consumidos pelo trabalhador. Ele cita como exemplo a alta de preços no setor de alimentação fora de casa, que se aproxima do dobro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou abril em 5,82%. "A alimentação tem um peso grande no custo total para uma família que ganha o salário mínimo e isso acaba jogando o valor (do mínimo necessário) para cima", diz.

Em 15 das 18 capitais pesquisadas pelo Dieese houve elevação do valor da cesta básica. Para Camargo, isso acaba por camuflar a percepção do trabalhador sobre a própria renda, porque percebe mais o custo do consumo cotidiano. "Houve nos últimos anos uma evolução no número de empregos, na renda e no próprio mínimo."

Ele cita a importância da política de valorização do piso nacional, que desde 2007 determina que o reajuste reflita a inflação do ano anterior e a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) do País de dois anos antes. No entanto, a regra vigorará até 2015 e não foi divulgado ainda se será renovada. "É preciso lembrar que o empresariado dizia que o aumento do salário mínimo geraria desemprego, mas ocorreu o contrário, com o aumento do consumo e a geração de mais vagas", diz Camargo.

O presidente do Sindicato dos Economistas de Londrina, Ronaldo Antunes, afirma que a política de geração de renda que mais deu certo nos últimos anos foi a do mínimo. "O pessoal fala muito sobre o Bolsa Família, que foi importante para incluir as classes mais baixas no consumo, mas o grande salto que o País deu foi com a política de salário mínimo."

No entanto, Antunes considera que a medida tem limite e que é preciso elevar a qualificação e a educação do trabalhador para poder manter o crescimento do piso. "Precisamos de uma discussão séria sobre produtividade, porque o salário não é alto, mas há o risco de as empresas deixarem de ser competitivas se não houver aumento de ambos."



Fábio Galiotto
Reportagem Local-folha de londrina

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