6 de abr. de 2013
Conheça sete novidades que ajudam no combate à depressão
Caracterizada pela tristeza duradoura e profunda, sem causa específica, a depressão não tem hoje um único tratamento definitivo, eficaz para qualquer pessoa, até mesmo porque os sintomas podem aparecer em variados níveis, associados a questões físicas, psíquicas e à história pessoal. Porém, a boa notícia são os novos estudos e é sobre este tema que a revista Mente e Cérebro, trata na matéria de capa da edição de abril.
O sintoma proeminente da depressão é a tristeza profunda, difusa e duradora. "É diferente da tristeza em si, que é uma emoção comum, principalmente em situações de perda de entes queridos, de emprego ou diante de frustações. Ela tende a desaparecer com a resolução ou adaptação da pessoa à situação. No caso da depressão, essa sensação é permanente", explica à revista Mente e Cérebro o psiquiatra Teng Chei Tung, coordenador do Grupo de Interconsultas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPQ-USP).
Esse estado emocional pode vir acompanhado da persistência de outros sintomas bem característicos: ausência de prazer nas atividades diárias, problemas de sono, como a insônia, alterações no apetite, dificuldade para se concentrar, cansaço físico, lentidão (ou, em alguns casos, agitação mental) e pensamentos pessimistas e depreciativos em relação a si mesmo e ao futuro. Confirmado o diagnóstico, é indispensável o tratamento médico e psicológico.
As novas pesquisas apontam para intervenções que aumentam as chances de que cada paciente encontre a estratégia mais adequada – ou, mais provavelmente, uma combinação delas – que possibilite uma vida saudável. Pois, somente no Brasil, são mais de 38 milhões de pessoas que sofrem com a depressão. A revista Mente e Cérebro enumerou sete opções de tratamentos. Conheça abaixo:
Aprender a dormir: segundo a psicóloga Karina Haddad, do centro de pesquisa Instituto do Sono, "o raciocínio usual era que, tratando a depressão, a dificuldade de dormir melhoraria, mas muitos novos medicamentos que se mostraram eficazes no tratamento da depressão não foram eficientes contra a insônia. Quando ela é tratada, inevitavelmente os sintomas depressivos melhoram", explica.
Uma pesquisa divulgada em 2006 na Reunião Anual das Sociedades do Sono (APSS), em Denver, que avaliou quase 2 mil homens e mulheres, mostrou que insones têm risco 11 vezes maior de desenvolver depressão dentro de seis meses e mais risco de continuar doentes após um ano. A conclusão foi que o tratamento da insônia pode auxiliar na recuperação da depressão.
Cetamina: quarenta minutos é o tempo médio que a cetamina, ou quetamina, leva para aliviar os sintomas de pessoas com depressão crônica com resistência aos antidepressivos comercializados atualmente – que demoram, em média, mais de duas semanas para fazer efeito.
"A cetamina foi utilizada em pacientes resistentes aos antidepressivos tradicionais. Isso não quer dizer que ela seja mais eficiente que esses antidepressivos em todos os pacientes. É provável que alguns não melhorem nada e até piorem. Cada pessoa responde de maneira diferente a um tratamento", diz o psiquiatra Teng Chei Tung.
Estimulação Cerebral Profunda (DBS): na estimulação cerebral profunda (DBS) são colocados dois eletrodos no cérebro, ligados por fios a uma bateria implantada no tórax, que envia a eles impulsos elétricos para estimular a produção de neurotransmissores relacionados à melhora do humor.
Estimulação Magnética Transcraniana (EMT): reconhecida para tratamento de depressão pelo Conselho Federal de medicina (CFM) em 2012, a técnica de estimulação magnética transcraniana (EMT), são ondas eletromagnéticas que aplicadas sobre o cérebro com o objetivo de modular o funcionamento de regiões que operam de forma alterada em pessoas com transtornos neuropesquiátricos. A EMT pode ajudar pacientes que não respondem ao tratamento medicamentoso, acelerar a resposta a ele ou mesmo ser uma alternativa pra aqueles que não toleram os efeitos colaterais dos antidepressivos ou têm contraindicação a esses medicamentos.
Cuide do seu coração: estudos voltados para a relação "mente-coração" ainda são poucos e recentes, mas já se sabe que transtornos de humor dobram as chances de uma pessoa sofrer ataques cardíacos. A atividade física previne o estresse oxidativo no meio intracelular, um marcador biológico em comum de doenças cardiovasculares e de transtornos do humor.
Psicoterapia e meditação: segundo o psicólogo Zindel Segal, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Toronto, o cérebro de pessoas com depressão está "habituado" a processos cognitivos que desencadeiam o problema, como pensamentos depreciativos sobre si mesmas. A meditação ajuda o paciente a se conscientizar de emoções, fantasias, lembranças e situações que passam por sua mente consciente, aceitando-as.
"Os efeitos positivos da meditação para a saúde se baseiam em uma modificação da atividade cerebral. A ideia é que a pessoa comece a identificar seus processos automáticos e, por meio da reflexão, possa alterá-los", diz Segal.
Ácido Fólico, a vitamina do bem-estar: uma revisão de 11 estudos por pesquisadores da Universidade de York, no Reino Unido, envolvendo mais de 15 mil pessoas no total, aponta que a depressão está associada a níveis mais baixos de ácido fólico, ou vitamina B9, no sangue. Existem também estudos que apontam, por exemplo, que a depressão e o distúrbio bipolar se manifestam com mais frequência em pessoas que haviam consumido menos ômega-3.
Algumas pesquisas sugerem que a combinação de suplementos de ácido fólico (em quantidades determinadas pelo médico, pois em excesso a substância pode causar deficiência de outras vitaminas) com o tratamento medicamentoso-padrão pode incrementar a melhora dos sintomas da depressão.
Bonde