Para pagar todos os tributos exigidos pelas três esferas públicas em 2012, o brasileiro vai precisar trabalhar 150 dias este ano: exatamente até o dia 29 de maio para fechar esta conta. O número já é o dobro de dias que se trabalhava na década de 1970 para pagar impostos e corresponde atualmente a 40,98% do rendimento bruto médio do contribuinte ao longo do ano. O estudo foi divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) e abrange todas as tributações, desde a incidente sobre os rendimentos (salários, honorários, etc), passando pelas contribuições previdenciárias (INSS), produtos e serviços (PIS, Cofins, ICMS, etc) até sobre o patrimônio (IPTU,IPVA,ITBI,ITR).
O interessante é que o levantamento aponta que a classe média é a principal responsável por esta arrecadação. Os brasileiros que ganham entre R$ 3 mil e R$ 10 mil mensais possuem 43,44% de sua renda abocanhada pelos governos municipais, estaduais e federal. Quem ganha até R$ 3 mil entrega às contas públicas 39,07% do seu rendimento, enquanto aqueles com rendimento mensal acima de R$ 10 mil: 41,53%.
De acordo com Gilberto Amaral, um dos coordenadores do estudo do IBPT, isso acontece fundamentalmente graças aos tributos sobre o consumo, que representam 20,65% da renda para a classe média, enquanto para a classe alta apenas 16,97%. Por outro lado, em comparativo com a classe baixa, a classe média possui tributos sobre o patrimônio maiores, 3,54% ante 2,95%. ''Os tributos sobre a renda são progressivos, mas sobre o consumo são regressivos, já que os mais ricos têm sobras no orçamento e consumo percentual menor. A classe média está no meio termo, com alto consumo e boa renda para ser tributada'', explica o especialista do instituto.
No que diz respeito à evolução dos dias trabalhados para pagar os impostos, Amaral ressalta que a tributação sobre o consumo puxa esta conta para cima. De acordo com ele, 70% da arrecadação governamental está embutida no preço final das mercadorias. ''O que notamos é que os impostos ligados à renda e patrimônio permaneceram mais estabilizados ao longo dos anos'', revela.
Outro fator importante é que a cada ano, desde 2006, está elevando o número de dias que o brasileiro precisa trabalhar para pagar impostos, subindo de 145 para 150 dias. Para o consultor do IBPT, a ascensão é substancial. ''O número é relevante já que qualidade dos serviços públicos não cresce nesta proporção. Aliás, a demanda por serviços privados no País só aumenta'', compara Amaral.
O estudo mostra ainda que quando comparados com outros países, o número de dias trabalhados no Brasil para pagar os impostos superam a França (149 dias), Espanha (137), Estados Unidos (102), Chile (97), entre outros.
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