10 de jul. de 2013

Bebê dado como morto `ressuscita´ 3 horas depois em capela do Norte Pioneiro


O atestado de óbito da recém-nascida já estava preenchido. Faltavam apenas a assinatura e o carimbo do médico. O parto havia transcorrido normalmente, mas após o corte preciso no cordão umbilical, o pulmão da pequena Yasmin Gomes se recusava a funcionar. Depois de várias tentativas de reanimá-la, os médicos decretaram: “Chega de atos heróicos”. A garotinha foi colocada em uma caixa e deixada sobre o altar da capela. E lá permaneceu por três horas até que a avó materna chegou com a dona da funerária para levá-la. Neste momento, Yasmin desafiou a morte e, com alguns chutes, anunciou que estava viva.
A cena aconteceu no início da tarde desta segunda-feira, no Hospital Doutor Lincoln Graça, em Joaquim Távora. A fotógrafa Jenifer da Silva Gomes, 22 anos, moradora no bairro Asa Branca, na mesma cidade, estava grávida havia 36 semanas. O pré-natal não apontava nenhum problema com a primeira filha do casal, que tinha previsão de nascimento por volta do dia 2 de agosto. Pela manhã, Jenifer começou a sentir contrações e foi para o hospital. A menina nasceu com 2,6 quilos em parto normal. Porém, após ser desligada da mãe pelo cordão umbilical, não respondeu as palmadas do médico Aurélio Filipak.
O clínico geral relata que vários procedimentos foram tentados, todos sem sucesso. Pouco depois do parto, por volta das 11 horas, Jenifer foi a primeira a receber a triste notícia da morte da filha. “Meu mundo desabou ali. Foi muito desesperador ver todos os sonhos indo embora”, contou. Em seguida, o pai, Cleverson Carlos Gomes, 26 anos, ficou sabendo do ocorrido no corredor. Sem conter as lágrimas, ele foi até a capela. O corpinho pálido e imóvel da garotinha confirmava o triste diagnóstico. Gomes deixou a sala, sem ainda acreditar no que via.
Yasmin permaneceu lá até as 14 horas, quando a avó materna Elza Silva e a dona da Funerária Olsan, Rosilis Marinello Ferro, apareceram para levá-la. O pequeno caixão branco já estava no carro, mas não precisou ser usado. Os primeiros movimentos de Yasmin foram percebidos pelas duas. “Foi uma emoção muito grande. Eu tremia e nem conseguia falar de alegria”, lembrou Rosilis. Ela correu alertar uma enfermeira, que duvidou, explicando que os movimentos seriam espasmos. Estava errada. Segundo Rosilis, a menina já estava com os olhinhos entreabertos.
A notícia se espalhou rapidamente pelo hospital, até chegar ao leito da maternidade em que estava Jenifer. “Sua filha está viva”, gritou uma enfermeira. “Eu fiquei sem reação, não sabia o que pensar. Confesso que até passei mal, mas depois não me contive de alegria”, disse. A mesma caneta do médico, que seria usada para atestar a morte, foi tomada rapidamente para preencher o pedido de vaga na Central de Leitos.
A corrida passou a ser contra o tempo. Felizmente, Yasmin foi encaminhada depressa por uma ambulância do Samu para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Infantil em Londrina. A menina permanece internada e, apesar de respirar com a ajuda de aparelhos, o estado de saúde é estável. Até a tarde desta terça-feira, a avó Elza a acompanhava. Se a menina sobreviver a mais este desafio, os pais já pensam em inserir “Vitória” depois do primeiro nome da filha.
Sobre uma possível negligência médica, a família rechaça e diz que os profissionais fizeram tudo ao alcance. “Foi tudo muito transparente e deu para ver que eles se empenharam muito para salvar minha filha”, declarou Gomes. O delegado de Joaquim Távora, Rubens José Perez, confirmou não haver indícios de culpa da equipe médica envolvida no parto, porém ressaltou que se houver qualquer desconfiança posterior, um inquérito pode ser instaurado para investigar o caso.

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